Encontramos no Evangelho inúmeras passagens que narram milagres
feitos por Nosso Senhor Jesus Cristo. Vemos cegos, coxos, paralíticos e
leprosos sendo curados, e até mesmo alguns, como Lázaro e a filha de Jairo,
sendo ressuscitados pela misericórdia do Salvador.

Certa vez, o Profº Plinio Corrêa de Oliveira comentou que ele não
compreenderia se Nosso Senhor, em sua infinita misericórdia, houvesse partido
para o Céu e deixado, de alguma maneira, de estar presente sobre a face da
terra.1 De fato, Ele não o fez, pois na quinta-feira anterior ao seu
Sacrifício, deixou-nos o inestimável e magnífico tesouro da Santíssima
Eucaristia. Seu Coração Eucarístico nos deu a presença real de seu Corpo,
Sangue, Alma e Divindade. Ele está presente por toda a terra, em todos os
tabernáculos onde há hóstias consagradas, desde as mais belas catedrais até as
missões mais longínquas e pobres. Ali está Ele como doce companheiro de nosso
exílio, à nossa espera, com pressa para nos salvar, desejando que lhe
peça".
Com efeito, Nosso Senhor está todo nesse excelso sacramento em Corpo,
Sangue e Alma, e em Divindade. A hóstia que vemos no altar é o próprio Cristo,
presente da mesma forma que estava entre seus apóstolos e discípulos, apesar de
nossos sentidos não poderem percebê-Lo.
Outro obséquio é de podermos receber este preciosíssimo Sacramento na
Comunhão, graça superior até mesmo à que recebeu Santo Estevão quando criança,
ao ser abraçado por Nosso Senhor, ou à que obteve o Apóstolo São João, ao
recostar-se sobre o Sagrado Coração de Jesus na última Ceia. Pois, ao
comungarmos, Cristo não só nos abraça, mas nos possui inteiramente, não só nos
faz reclinar a cabeça sobre seu peito, mas põe seu Coração junto ao nosso; e
nossa alma, nesse celestial encontro, se reveste da alvura e santidade do
próprio Senhor Jesus.
"Nosso Senhor não podia inclinar-se mais a nós, os mais pobres, os
mais necessitados e miseráveis, não podia demonstrar mais o seu amor quando, no
momento supremo de privar-nos de sua presença sensível, quis deixar-se a Si
mesmo entre nós, sob os véus eucarísticos".
Portanto, quando nos sobrevier o desejo de estar pessoalmente diante de
Nosso Senhor Jesus Cristo, de progredir nas vias da virtude, ou quando
quisermos alcançar d'Ele alguma graça, não sintamos que Ele está longe de nós,
mas nos aproximemos do Santíssimo Sacramento, e certamente obteremos tais
favores com a mesma eficácia - ou até maior, pelo mérito da fé - do que se
estivéssemos na frente de Nosso Senhor da mesma forma que os Apóstolos.
Diante de tanto consolo e amor que encontramos nesse insigne sacramento,
grande é a vontade de passar a eternidade inteira desfrutando de seus
benefícios. Ora, sabemos que eles nos são concedidos enquanto ainda vivemos
nesta terra. Continuaremos nós a recebê-los no Céu? Ou será da vontade de Nosso
Senhor que essas graças sejam recebidas somente pelos homens em estado de
prova?
Neste sentido, Monsenhor João explica que, uma vez que o sacramento visa
produzir a graça, de acordo com o que a forma e a substância simbolizam, não
faz sentido que haja comunhão ou qualquer outro sacramento no Céu 4, pois a
graça existirá em nossa alma de maneira estável e permanente. Recebemos nessa
vida a presença eucarística real de Nosso Senhor em nossa alma para que Ele nos
santifique, nos torne semelhantes a Ele, e nos fortaleça contra todo mal; no
Céu isso não será necessário, pois o veremos face-a-face e o possuiremos em
tempo integral.
Ademais, segundo os teólogos católicos 5, não haverá Missa Sacramental
na Eternidade. Haverá a Missa Mística: "Nosso Senhor Jesus Cristo passará
a eternidade enquanto homem, de dentro de Sua humanidade, oferecendo [ao Pai],
como Sumo Sacerdote, [...] a glória do Sacrifício oferecido por Ele. [...] Nós
teremos constantemente no Céu a Missa sendo celebrada misticamente, [...] e nós
estaremos eternamente participando deste oferecimento feito por Nosso
Senhor".
Contudo, apesar da visão beatífica ser o maior prêmio que Deus poderia
conceder aos homens justos, o que está presente no Santíssimo Sacramento é o
próprio Autor da Graça. "É, portanto, algo que vale mais do que toda a
ordem da Criação, vale mais do que, inclusive, a ordem da Graça. Juntemos todas
as graças que a humanidade recebe, receberá e recebeu; todas as graças que
existem em Nossa Senhora não dão, nem de longe, o que está numa partícula
consagrada: a recapitulação do Universo (cf. Ef 1, 10) num pedaço de pão".
Diante de tão inefável dom, o que podemos fazer para agradecer a Deus,
ou ao menos, para Lhe conceder alguma alegria, por tanta bondade? Certamente,
está fora do alcance de qualquer ser humano agradecer-Lhe dignamente; porém,
Ele nada pede de nós a não ser que sejamos devotos da Sagrada Eucaristia, tanto
quanto se possa ser. Comunguemos frequentemente, com as devidas disposições;
visitemos as igrejas e capelas nas quais Ele se encontra exposto;
entreguemo-nos por inteiro a Ele, com tudo quanto somos e possuímos, e Lhe
daremos a melhor recompensa, em busca da qual Ele aceitou ser morto e
crucificado: a nossa salvação.
Por Gaudium Press
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