Dom Thomas é do Malaui, na África, e, durante o sínodo em Roma, nos
relata uma história fascinante de conversão
Quarenta e
oito bispos da África estão em Roma para o Sínodo sobre a Família. Ao falar com
eles, surgem histórias surpreendentes e belas sobre os seus países, culturas e
suas próprias vidas familiares.
Uma dessas
histórias é a de dom Thomas Luke Msusa, arcebispo de Blantyre, no Malaui, perto
da fronteira sul com Moçambique. Ele era muçulmano e se converteu ao
catolicismo.
Ordenado
sacerdote dos Missionários da Companhia de Maria, comumente conhecidos como
missionários de Montfort, dom Msusa, hoje com 53 anos, é vice-presidente da
associação das Conferências Episcopais da África Oriental, que reúne oito
países.
O arcebispo
contou à Aleteia a sua história de conversão, bem como a do seu pai, que era
imã.
Excelência,
temos ouvido que muitos muçulmanos estão se convertendo ao cristianismo no
Malaui. O que o senhor pode nos contar sobre isso?
Sim, é
verdade. Eu trabalhei na diocese de Zomba durante dez anos e, todo ano, na
Vigília Pascal na catedral, havia de 100 a 150 adultos entrando para a Igreja.
E nas outras paróquias acontece a mesma coisa. Eu perguntei a eles como
chegaram a se converter. Vários disseram que foi através da Rádio Maria, que é
muito influente em nosso país, muito influente. Essas pessoas ouvem a Rádio
Maria. Nas grandes celebrações, lá está a Rádio Maria. No início, antes da
rádio, eles só ouviam propaganda contra a Igreja católica. Mas agora que
começaram a conhecer a verdade sobre a Igreja, eles se converteram ao
catolicismo. Em Blantyre, a diocese onde estou agora, é a mesma coisa. Nas
confirmações, há sempre de 20 a 50 pessoas que eram muçulmanas e estão se
convertendo ao catolicismo. E isto não é um problema em nosso país. Na aldeia
onde eu nasci, 99,9% são muçulmanos. Alguns dos meus parentes são muçulmanos. O
meu pai era imã.
O senhor foi
criado como muçulmano?
Quando eu
tinha 7 anos, saí de casa porque eu queria ir para a escola. Ninguém da nossa
aldeia iria me ajudar. Então, eu fiquei na paróquia. Aos 12 anos, eu pedi o
batismo. E fui batizado. Então perguntei ao padre: “Como é que eu posso ser
como o senhor?” E ele me enviou para o seminário. Quando eu voltei para casa,
meus parentes e meu pai foram contra. Eles não me recebiam em casa, então eu
sempre fiquei no paróquia. Mas, graças a Deus, fui ordenado. Para agradecer a
Deus, eu quis celebrar a missa na minha terra. Então eu pedi para a igreja de
lá e para o meu tio, que já era católico, organizarem uma missa campal. As
pessoas estavam se perguntando quanta gente iria. Ficou lotado. Meus parentes e
meu pai foram. E ele me disse: “Sabe, eu me recusava a permitir que você
entrasse nessa Igreja, mas agora eu acredito que provavelmente nós vamos chegar
ao céu graças a você”. O meu pai, que era um professor do islã, um imã, disse
isso.
O seu pai
também se converteu ao catolicismo?
Quando eu fui
ordenado bispo, voltei para casa e convidei as pessoas a se unirem à Igreja. E
o meu pai, imã, se ajoelhou e disse: “Eu preciso do batismo”. E eu disse: “Pai,
esses anos todos você ficou dizendo que eu ia para o inferno. Você quer ir para
o inferno junto comigo?” (risos). A nossa formação na fé cristã dura três anos,
então eu disse: “Se você quer se tornar católico, tem que passar por uma
formação cristã durante três anos. Ele aceitou e, em 2006, eu o batizei. Hoje
ele já está bastante idoso e muito doente. Quando eu voltar para o Malaui,
tenho que ir à casa dele para que ele possa declarar diante de todos quem ele
se tornou. Vou viajar para lá no dia 29, para levar a paz à minha família. Nós
seguimos o lado da mãe. Ele tem que declarar que quis se tornar cristão como
nós, para, quando morrer, não ter nenhum problema para ser enterrado. Vai ser
minha responsabilidade, nossa responsabilidade como cristãos, fazer um enterro
cristão. Para lhe dar outro exemplo: no começo, eles me diziam: “Você está indo
para longe da nossa cultura”. Mas, agora, até o chefe tradicional do nosso povo
me deu uma aldeia e me tornou chefe. Eu cuido de 62 famílias. Mas é claro que,
como bispo, eu tenho muitas responsabilidades; por isso, a minha irmã,
Christina, é a chefe agora. Às vezes ela me telefona quando há discussões e me
pede para ir até lá.
É uma vila de
cristãos ou de muçulmanos?
É uma mistura.
Estamos juntos. Depois do Sínodo da África [em 2006], eu convidei as pessoas a
se unirem, católicos e muçulmanos. Nós celebramos a missa, nos reunimos,
comemos juntos. E eu peço a eles para esquecer os problemas: “Hoje nós vamos
celebrar”. Começamos com a missa e eles gostam dela. Os católicos que estão
devidamente preparados recebem a Sagrada Comunhão, e os muçulmanos ficam lá
junto conosco. Eles esperam por essa ocasião todos os anos.
Fonte: aleteia.org
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