“O coração de
Jesus sofre da doença chamada amor. A sua maior agonia é a carência do amor das
suas criaturas!”
Aquele que ama
anseia estar junto da pessoa amada; e o seu maior sofrimento é não ser
correspondido no seu amor. Para comprovar isto, basta ver como fica
desesperado, um jovem ou uma jovem, quando o namorado que tanto ama, lhe
abandona. A dor e a angústia é ainda maior quando ela é trocada por outra.
A dor mais
forte é a “dor do amor”. A pior doença é o amor não correspondido. Conheci uma
moça que, ao tomar conhecimento que o seu namoro tinha terminado, não queria
mais nada, e nada podia consolá-la; não queria mais comer, dormir,
estudar…nada. Era a dor do amor. Queria morrer…
Jesus mostrou
e provou o seu amor por nós de inúmeras maneiras: assumiu a nossa natureza,
“vestiu a nossa carne”, fez-se obediente até a morte, morte de cruz, para nos
salvar da morte eterna, e ficou conosco para sempre na Eucaristia.
Neste
Sacramento do seu próprio Corpo, o Senhor nos dá a revelação máxima do seu
amor. Fez o milagre da Eucaristia para estar junto de nós, individualmente, com
cada um, de modo “particular”, e inteiramente. Fez-se pão, “prisioneiro dos
nossos sacrários”, para estar sempre conosco, a cada dia, e todos os dias. Ele
se entregou totalmente a nós no Pão.
Ele que é
Onipotente, se fez fraco no pão; Ele que é o Soberano, se fez pobre; Ele que é
o Infinito de Tudo, se fez limitado num pedacinho de pão.
E por que tudo
isso, meu irmão? Por amor a cada um de nós. Para estar a nosso lado e ser o
nosso remédio e o nosso alimento. Ele deu-se todo a nós, sem reservas; é por
isso que nós também temos que nos dar a Ele com a mesma radicalidade. Na
Eucaristia Ele é nosso, como dizia santa Terezinha: “agora Jesus, o Senhor é
meu!”
É
impressionante como Jesus preparou os seus discípulos para anunciar-lhes a
Eucaristia. São João narra isto no capítulo 6 do seu Evangelho. De início, às
margens do mar da Galiléia, circundado de montanhas, no final do dia, Jesus
realiza o milagre da multiplicação dos pães. O povo come até se saciar e ainda
sobram doze cestos. Jesus mostrava assim, de maneira vivencial, que “ele era
Deus” e que tinha “poder sobre o pão”. Este se multiplicava sob a sua ordem.
Em seguida, na
madrugada do mesmo dia, vai ao encontro dos discípulos, “andando sobre as
águas”. Mostrava-lhes assim, também de maneira visível, que era Deus e que
tinha “poder sobre o seu corpo” e sobre as leis da natureza.
Portanto, se
Ele tem o poder total sobre o pão, que multiplicara, e sobre o seu corpo, que
não afundava na água, então, poderia agora transformar o pão no seu próprio
corpo, para ser o nosso sustento e remédio espiritual.
Na manhã do
dia seguinte, na Sinagoga de Cafarnaum, Jesus faz então o célebre “discurso da
Eucaristia”, depois que o povo tinha visto, pedagogicamente, o seu poder sobre
o pão e sobre o seu próprio corpo. Entre tantas promessas maravilhosas do
discurso eucarístico, Jesus disse:
“Eu sou o pão
descido do céu; quem comer deste pão viverá eternamente. O pão que eu darei é a
minha carne para a vida do mundo” (Jo 6, 51).
Esta é a
primeira promessa que Jesus encerra na Eucaristia: a vida eterna. Ele é a vida
eterna; e quem o recebe no seu Corpo tem a garantia desta vida que começa já
neste mundo.
“Em verdade, em
verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes, o
seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6,53).
A união com
Jesus na Eucaristia garante a vida incriada, a vida divina e eterna, em nós. O
“pão da vida” é o alimento desta vida eterna, que começou com o batismo.
A segunda
afirmação de Jesus é a de que pela Eucaristia Ele permanece em nós:
“Quem come a
minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6, 56).
Em outra
ocasião Jesus disse aos discípulos:
“Permanecei em
mim, como eu em vós. Eu sou a videira e vós os ramos, aquele que permanece em
mim e eu nele produz muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,
4-5).
No discurso
eucarístico Ele deixou claro como os seus discípulos “permaneceriam nele”, para
pode dar muito fruto. E fez questão de enfatizar a importância desta união
conosco na Eucaristia:
“Assim como o
Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também aquele que come a minha
carne viverá por mim” (Jo 6,57).
É essencial
entender esse “viverá por mim”. Quer dizer, com a Sua presença em nós, Ele
agirá em nós; Ele será a nossa força; Ele será a nossa paz; Ele será tudo em
nós! A nossa miséria será trocada pela Sua força.
É aquilo que
São Paulo experimentou:
“Já não sou eu
que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20).
É interessante
notar que quando Jesus terminou o discurso eucarístico, muitos o abandonaram
por não aceitar o que ele acabara de revelar (Jo 6,66). Nem por isso Jesus
voltou atrás ou deu mais explicações. Chamou os Doze e perguntou também a eles:
“Não quereis
também partir ?” (Jo 6,67), provando-lhes a fé. Ao que Pedro, iluminado por
Deus, responde:
“Senhor, a
quem iremos? Tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que és o
Santo de Deus”(Jo 6,69).
Pedro também
não tinha entendido como seria aquilo de “comer a minha carne e beber o meu
sangue”, mas acreditou, porque sabia que Jesus era o “Santo de Deus”, e que
para Ele nada é impossível. O milagre da multiplicação dos pães e do caminhar
sobre o mar estavam ainda vivos na mente de Pedro…
Também de cada
um de nós Jesus exige a mesma fé na sua palavra, acima do que possamos sentir
ou entender diante da Hóstia viva, que será sempre um desafio à nossa
inteligência.
A Eucaristia é
um milagre. É o maior de todos os milagres. É o milagre de Deus que se faz pão
para poder saciar o seu amor por nós e poder estar unido a cada um de nós,
individualmente. É o milagre do amor de um Deus apaixonado por sua criatura, e
que não suporta ficar longe dela.
Que resposta
daremos a esse amor de Jesus por nós?
Amor só se
paga com amor, dizem os santos.
Jesus espera o
nosso amor. Jesus sofre de amor, amor não correspondido. Quantos são os que se
lembram de que Ele está vivo, ressuscitado, verdadeiro, em nossos sacrários?
Quantos são os que chegam até ali, diariamente, para fazer-lhe companhia, ao
menos por alguns minutos, e saciar a sua sede de amor por nós?
Ali,
“prisioneiro dos nossos sacrários”, ele nos espera com as mãos cheias de
graças. Vamos buscá-las.
Prof. Felipe Aquino
Fonte: cleofas.com.br
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